terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

MACUMBA DE MARIA RONDA

"Rondinha roliça, moscaréu nas panelas
Dois sacos na pia, nomes na boca do sapo."
Se a desgostariam.

Macumba horrenda, com toda peçonha
Animista, sexista, mal-vista por olhos
De fora pra dentro.

Culpam Ronda rituais da pobreza
De pôr sobre a mesa
Vis portais da miséria.

 -x-

De manhã, se não sabiam,
Porque tinham o de comer,
Descolou uma rã:

Gorda peguenta de boca-de-lobo,
Inda trouxe o lodo calheiro,
Esverdeado, que calha.

Na mesa, a rã se frangalha
Na panela, vira sopa
No boca, se morde a chã.

Preguiça é mais cansaço,
Fadiga de chefiar,
Sofá e olho nas calhas.

Pratos sujos de não sei,
Na panela o sobejo pavoroso,
Chega a primeira da moscaria.

Da jinela, um olho gordo,
— Quis ser mesmo o de Vizinha —
Tinha de tudo inspecionar,

E se fosse só!
Tinha quê do avaliar de dementes!
Ambiente pela superfície!
Qualidade pelo capote!
Maluquice pelos desvios!
Idolatria pela fome!
Pecado pela miséria!
Uma habilidade pra herdar idotia!
E, num fundo raso formular pilhérias,
Taxando Rondinha roliça, mulher bactéria
De pretensa humana.

-x-

"Te livra Maria do mal fazer."
"Ela é versada na magia."
Sim. De ter ou não ter no outro dia.

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