terça-feira, 24 de maio de 2011

MAIS UMA ANTES DOS FURDUNÇOS EXISTENCIAIS NA CASA DE DONA CORINA

Vê que não tem pressa; vai de mastigação gengival mesmo.

Três pré-regras em Dona Corina:

Se há de apreciar nossa existência? Não há.

Se é uma a confusão? Várias.

Se tem uma habilidade? Papo de cozinha.

Este sim, seu talento.

Se são regras antes de regras, cuidam de quem?

De regras, ora, diria no tacho;

Há de contar as anedotas de seu pai

Os mandos doidivanas, o racicínio ralo

E ainda os contos de sua mãe libertina.

Conta com quem chega no batente e pede um dedo d'água

No pé da tapera, pelas porta de trás

De bolo, quem lê, de bolo!

O que se dá de furdunço existencial e sai da boca de Dona Corina, e de pré-regra não é uma apreciação, das que valem como estima, é estritamente papo de quando o fogo da lenha esquenta a barriga da velhinha; seja de bom, quando se é o caso duma visita amigável, dum passante sorridente, seja de mal, quando se vem cobrar o que for ou quem venha meter o bedelho nos seus quitutes. Daí de ser de bolo.

E a razão de ser furdunço: sua dicção regional carregada, gostosa; quando tenta sussurrar, sai um berro. Também, pudera, olha o chiado da vassoura, o crepitar das lenha e sempre tem desses barulhinho. Daí de serem confusões, embora, na maioria dos casos, sonoras.

Se esse não é o início nem a volta*, foi o contágio da vaidade dentro do processo criativo que cortou a fala de Dona Corina, por enquanto. É dada a voz ao imaginário! Dá quase pra escutar sua voz esganiçada! Daí de ser mais uma antes.

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