MAIS UMA ANTES DOS FURDUNÇOS EXISTENCIAIS NA CASA DE DONA CORINA
Vê que não tem pressa; vai de mastigação gengival mesmo.
Três pré-regras em Dona Corina:
Se há de apreciar nossa existência? Não há.
Se é uma a confusão? Várias.
Se tem uma habilidade? Papo de cozinha.
Este sim, seu talento.
Se são regras antes de regras, cuidam de quem?
De regras, ora, diria no tacho;
Há de contar as anedotas de seu pai
Os mandos doidivanas, o racicínio ralo
E ainda os contos de sua mãe libertina.
Conta com quem chega no batente e pede um dedo d'água
No pé da tapera, pelas porta de trás
De bolo, quem lê, de bolo!
O que se dá de furdunço existencial e sai da boca de Dona Corina, e de pré-regra não é uma apreciação, das que valem como estima, é estritamente papo de quando o fogo da lenha esquenta a barriga da velhinha; seja de bom, quando se é o caso duma visita amigável, dum passante sorridente, seja de mal, quando se vem cobrar o que for ou quem venha meter o bedelho nos seus quitutes. Daí de ser de bolo.
E a razão de ser furdunço: sua dicção regional carregada, gostosa; quando tenta sussurrar, sai um berro. Também, pudera, olha o chiado da vassoura, o crepitar das lenha e sempre tem desses barulhinho. Daí de serem confusões, embora, na maioria dos casos, sonoras.
Se esse não é o início nem a volta*, foi o contágio da vaidade dentro do processo criativo que cortou a fala de Dona Corina, por enquanto. É dada a voz ao imaginário! Dá quase pra escutar sua voz esganiçada! Daí de ser mais uma antes.
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