segunda-feira, 23 de maio de 2011

CIRCO

Gerdau, foi de primeira, sentindo o quisto que apontou na minha garganta, engoli os cacos de vidro e toda a ânsia, de curá-la.


De saber, foi o mal da glote inflamada pelo passado ofensivo, um disse e desdisse, inflamá-lo.


Assim jazem as lamúrias do meu sepulcro estomacal, que desgosta dos vidros ( olha, seriam apenas lâminas pro cisto, nada mais), e estáticas no ácido, Gerdau, de ver a garganta incurável.


Fosse um truque circense, doutrora, que sempre gostei dessas artes, ingerir lâminas sem ferir as partes, incólume, Gerdau, gênio descompassado, habilidoso de viver pro circo, feito na técnica, sempre aplaudido.


Todos os cuidados, a simetria dos truques mágicos ( não a vileza da enganação), que poderia, senão, curar-me o fado.


De viver, agourado pela hipocrisia, ora dizendo ora desdizendo misérias aos comuns, brota-me o tumor e de querer ser punição, Gerdau.


Fosse um truque circense, doutrora, que sempre gostei dessas artes, andar na corda bamba sem o conforto elástico de uma cama ao pé do truque, que sempre tive de me contradizer pra ser estável até aqui.


Agradei de um lado o coronel, doutro o peão, dum a polícia, doutro o cangaço, dum o peixe, doutro o pescador, e nunca que caí.


De bambear, eclode na garganta o punir da mácula, minha interpretação do nazareno, Gerdau.


Fosse um truque circense, doutrora, quem sempre gostei dessas artes, achar graça de engolir cacos de vidro, chorando lágrima única maquiada, cuspir e rir aos companheiros palhaços.


Vê que nunca fui de graça, Gerdau; desde os anos primeiros de infância, aquele sentir falso, primo do pecado... Por diversão: sadismo.


De dar piparotes nos ouvidos dos meninos, me aparece na garganta todo riso encerrado feito material de câncer.


Mesmo o vidro, lâmina cega, cirurgião falido, que não extirpou meu mal, serve de reforço, Gerdau, ao meu fracasso de ser artista.


Acabo hipócrita suicida, sem papel, punido de querer, ora querer!, necessitar ser punido.

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