sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ADALBERTO E A LAGARTA DE FOGO

No dia foi só meia banda de pão com manteiga e três dedo de café
Saiu logo emburrado, batendo porta e o Sol nascendo.
Soltou a enxada nas costas e foi pra roça.
Zé da padaria deu bom dia sem resposta.
Topou numa pedra, "Bosta!"
Abriu a porteira e já foi logo engolindo os mando
"Adalberto, cuida hoje das touceira
Enxuga o trator novo, sem dedar a pintura
Varredura nas folhagem seca, pra já
Agua os nabo, as cenoura, os inhame e blá blá blá"
Era um repertório de faça isso e faça aquilo cansativo
Nó no intelecto do trabalhador.

Começou pelo mato, alto no joelho
Pronto pra tirar pela raiz, fazer ligeiro, raivoso
"Vidão...", rasgando as melança
Cada touceirão colado na terra, dureza só
Um graúdo teve uma atenção de vários minuto
Colocou os pé em outros dois montante de mato e tentou ele com a mão mesmo.
"Venha, venha, miserento!"
Mas de repente, na touceira do pé esquerdo, sentiu um ardor agoniante
E viu o rabo de uma lagarta de fogo desaparecendo ligeira.
Tava ali, uma vítima pra que escoasse sua febre matadeira.

Deu-lhe um faniquito emendado numa vontade de matar tão grande
Frenesi apaixonado dum matador d'aluguel
Levantou a enxada num meio pé de ira
E capinou pra matar! Mas foi pra matar mesmo!
E era mato voado aqui e ali, "Morre, condenada!"
As touceira tesa, coitadas, que não queriam sair dali
E a lagartinha se fazendo viver por baixo delas...
Pare por aí, trabalhador, pare. Quem disse?
Enloqueceu, olha:
Parava não. Comia o mato, os olho pulado, revirado
"Morre, desgraça!". E nada de lagarta estribuchada.
Foi que num acesso de capinada, deu azar
Largou a enxada na ponta do pé descalço
Pense numa gritaria sangrenta e um dedinho meado.
Os supervisor deram conta e chegaram tudo.
"Afaste, afaste daí, rapaz. Leva o Adalberto pra fazer esse dedo no doutor."
E lá foi arrastado, ódio frustrante do bichinho foguento
Por debaixo das touceira só podia tá rindo
Peluda lagarta de fogo, pavio aceso duma bomba d'arrego.

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