sábado, 31 de janeiro de 2009

VERDADEIRA DANÇA

Achou que já tinha chorado e lamentado o bastante
Saiu para dançar seus ossos fracos num desses bares
Sentou-se numa mesa só, pediu uma dose
Fumou um cigarro, foi no banheiro, ajeitou o batom
Olhou no espelho e gingou seus ombros enrugados com a música
Saiu como a mais jovial de todas as moças
Dançando seus ossos fracos em busca do salão
E dançou como nunca antes dançara aquela velha
Sozinha, em meio aos casais, de salto alto e olhar nos pés
Seduzindo homens casados que deixaram o uísque de lado para olhar
Girou, girou duas vezes, cantou girou, girou o vestido
E muitos já aplaudiam seu show, os músicos instigaram-se
O melhor dançarino do salão convidou-a a dançar
Mas daquela dupla onde o homem conduz e move a moça
Esta foi a que mais apareceu e trouxe os olhares na sua pele flácida
Pois dançava sua dança de morte,
Assim como fazem os que não acreditam
Gozam até o ultimo segundo quando sentem o ar ficar fraco
Rodando e mexendo os seus vestidos...
Dançou várias horas, até que parou.
Tossiu, tossiu, virou os olhos e seu par teve que ampará-la
Logo havia um som de sirene, mas era tarde
Porque dançou uma dança pra ela mesma
E só assim conseguiu todos os olhares
Sejam dos bêbados, de suas mulheres ou dos músicos
Dos quais de todos esses, muitos nunca saberiam dançar.