sábado, 3 de março de 2012

AUTO-AMOR NA CAIXA

Um obsceno triste
Subexiste num caixote
Papelote que se enrola
Gaiola de papelão.

Senão amante duma fantasia,
Simpatia em miniatura de mulher,
Qualquer recortada da revista
Belisca o couro, o põe de pé.

Até, por certo, de manhãzinha
Tinha um sentimento sem nexo,
Sexo de quem inspira comiseração,
Então a deixar terna a ferramenta.

Lamenta viver numa caixa.
Acha amantes como uma luva,
Chuva é mais lubrificante,
Dantes havia um unguento.

"Sebento pedinte da tarde!"
Alarde de ignorantes azedos,
Medo de dizê-lo humano
Quando tocar-se é chafurdice:

Imundície de pagão.

Doem os tropéis constantes dos carros nas pontes
Doem os bixos de vários tamanhos nas costas
Doem os resultados das sabatinas com moleques
Dissonantes apostas de vida,
Que, em tudo que dói,
Tem uma distração para a tristeza,
Recortada, salva e limpa, da pleibói.

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