segunda-feira, 2 de maio de 2011

SONHO

Lá está, na relevância onírica do último dia,
Contemplando a desgraça anti-criativa,
Pungência explosiva das estrelas,
Uma a uma, centelhas.

Acompanhante indeterminada, miúda e bela
A dividir o instante do que se acaba mundo
Evento de supernova, apocalíptico.

Mais cedo, o calendário mítico de toda a cultura humana,
Saído de brumas roxeadas, descarrilhou-se, tempo, no cenário
E manchou a realidade de fantasias.

Não podem as trompas da profecia com o imaginário de quem sonha;
Não que a Besta deixaria de emergir do mar
Que foi a primeira fera dentre muitas
Dagon tentacular por sobre toda a costa
E a Quimera noticiada fera pelo repórter:
Deixou escapar que era o fim do mundo.

Na rua, rebeldia sessentista, folclore nativo
Fiéis com medo, corcéis alados no céu amorfo
Iara a pentear os cabelos num hidrante americano vermelho
E o caos instaurado, e o gosto pelo remorso pró-ativo
Irrestrito, sem crivo normativo;
O que era anarquia na mão daqueles?
Retrógrada, opressiva, faceira, falida!
Que eram os últimos instantes dos viventes?
Ópio do descrente, cessar anunciado da existência
Dentre os construtos mitológicos da cultura.

Alguém leva quem sonha pelo braço!
Indeterminado, de jaleco branco!
E o põe numa nave de ficção científica!
Alça vôo! Pela janela, dirigíveis antigos só por passar
Avionetas primeiras, de asas fungíveis, se espatifam com a simples chuva
E a batalha dos anjos, e as naves extraterrenas
E os buracos negros, e as previsões do cosmos nas estrelas que sumiam!

De repente, sozinho no veículo, resolve contornar
Por singelos cliques cerebrais de guiar máquinas imaginárias,
Pousar no pé do penhasco maior, abismo do mundo planificado
Donde as naus se espragatam e as incertezas se acumulam.

Lá está, no seu último dia de vida
Com sua acompanhante, primeiro indeterminada
Surgida de mesmo clique dos sonhos
E que ganha forma quando beira o real.

Aponta as catástrofes estelares!
Atemporalmente, mostra todos os eventos:
Fenda minúscula de galáxia pra sua sabedoria.
As águas do mar, em ângulo reto, limpando seus pés...

Prestes a despertar, amor ante morte
Expresso nas mãos juntas, que o sonhante identifica
Ser os dedos de sua amiga doutro plano estelar.

Um comentário:

Bele disse...

Você é um cara brilhante, meu irmão!