Esquizofrenia ao pé da fonte
Carlos, Carlos, como ponho meus pontos em pombês? Eu realmente quero dizer que isso e isso pra toda a pombarada. Me fala, que pretendo tomar banho há tempo, não consigo com esta fonte baldeada. No calor do bate-bate dos sinos, quando refletem se de vidro, quando secam quentes se de barro, não consigo, não posso, pombarada, lavar meu cucuruto sujo de comida. Põe no pombês, Carlos. Vou colocando meus pés por aqui, na água. Não precisa dizer que tenho nojo do seu povo não. É uma questão de princípios e só. Veja se tomam banho nas nossas latrinas; não tomam nenhum de vocês. E eu, que não tenho acesso a nenhuma delas, divido a fonte multiusada com a pombarada. Vamos prezar pela boa convivência, assim em pombês. Olha aqui, olha isso aqui, chefia: não se pode molhar os pés sem relar numa sujeira de pombo. Vou te contar, e ainda vivo de mulher importunando, tome banho, tome banho. Não traduza isso em pombês, Carlos, mas se tem uma coisa que eu não gosto é banho, falei. Deixe os penudos acharem que gosto mesmo, afinal tenho que mandar pelo menos em um espaço da praça. Droga de mulher! Vá que eu vejo coisas ou fico vidrado no bater dos sinos, mas questionar o diálogo entre mim e você, Carlos? Ela é medonha. Não quando abarrota de comida o meu chapéu, aí não. Ou quando divide um fumo e por acaso escuta meus lamentinhos de aqui. É isso. Mas, voltando ao ponto, Carlos, dá pra avisar àquela senhorita peituda pra maneirar nos dejetos dentro de nossa, minha e sua, fonte? Põe no pombês, ela é meio avariada; conhecia um doutor de pombos muito bom no sertão. Ele poria todos os pombos pra falar da noite pro dia. Resolveu vir para a cidade e o pombês de aqui era muito diferente, além de seus clientes soltarem muitos cagalhões na sua banheira, falei. Sou eu mesmo, Carlos, o doutor. Meus serviços aqui são todos para você, o gênio dos pombos da cidade. Pode pôr essa história no pombês também, que é pra ver se aprendem algo e me respeitam. Pois bem, vou...
Blém!Blém!Blém!
Até tu, Carlos? De onde vêm esses velhinhos com pão na mão arrasar a minha assembléia? Tem algo estranho nesses sinos que quando tocam fazem surgir esse tipinho. Voltem companheiros, pombos. Chama todos em pombês, Carlos!
Correu para cima dos pombos que debandaram, e novamente. O pão comprava-os fácil. E a ele também. Catou alguns pedaços, mas quando olhou não tinham mais velhinhos, correram medrosos. Adiante e acima, os sinos e a velha dúvida; agora tinha de saber de que eram feitos e seus poderes. Organizaria os pombos com aquela arma ruidosa...
Blém!Blém!Blém!
Até tu, Carlos? De onde vêm esses velhinhos com pão na mão arrasar a minha assembléia? Tem algo estranho nesses sinos que quando tocam fazem surgir esse tipinho. Voltem companheiros, pombos. Chama todos em pombês, Carlos!
Correu para cima dos pombos que debandaram, e novamente. O pão comprava-os fácil. E a ele também. Catou alguns pedaços, mas quando olhou não tinham mais velhinhos, correram medrosos. Adiante e acima, os sinos e a velha dúvida; agora tinha de saber de que eram feitos e seus poderes. Organizaria os pombos com aquela arma ruidosa...
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