Esquizofrenia ao pé da santa igreja
Minha urina foi seca. Quando toquei era molhada. Brindei a taça aos velhos que dormiam ao lado. Gostava de bengalas. Madeira seca. Inda gosto da seca. O sertão foi meu. Já adquiri um daqueles chapéus de peão. Fazem dois dias que não me banho. Liberto. Os bolos estão cheirando mal. Quero dois minutos de silencio. Olha, papai, a chuva. Quando sinos batem eu quero fazer fumaça. Isto bem na hora que como na tigela de barro. A terra é molhada. Os sinos devem ser de barro. Acho que não; quebrariam. Já bebi de chuva. São de vidro. Que foi com o gado? Já pedi farinha pro senhor, mulher. São de barro. Não; quebraram. Não tem poeira porque tem chuva. Enxada. Acho que vou me dar mal. Enxada. Sinadas, cadê? Foram na chuva? Enxadas. Com os velhos de lado. Só na cabeça. Só na cabeça. Rabada. Pode servir no chapéu mesmo, mulher. Pode? Mas só porque tá cheirando mal e não banho a cabeça. São essas escadas lameadas? Algo brilha na torre. São de vidro. Mas cadê a fumaça? São de barro. Quebraram, pois são essas escadas lameadas. Que coceira! Me dá uma bengala destas... Sabe que não gosto, mulher. A fonte tá baldeada. Raiva dos pombos. Só não de Carlos porque fala. Em pombês. Disse que ralava pra manter a pombarada. Era o chefe. Taquei-lhe a pedrada. Baldearam a fonte. Certeza, certeza, não tenho. São de barro. Amarelo. Rachado do sertão. Faz tempo que não vejo a boiada. Papai tá aqui, que eu vejo! É sim. Maldita pombarada! Empresta outra bengala... Inda não tragasse, mulher? Logo hoje que tá molhada? Cadê os sinos que não tocam pra puxar minha fumaça? Ora, ora. Devo imitar e terminar minha golada. Blém! Blém! Blém! Passa o fósforo que não é de vidro nem de barro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário