"Foi num espaço pra lá dos mares
Num reino vermelho, encarnado, escarlate
Que do rei, um louco daqueles extremos
Senhor grosso, cruel, desgostoso,
Dependia de cima a baixo, de leste à oeste...
E o que conto, escuta! É o misto do ousado com a realidade,
Mesmo sendo esta pesada...
Se valia tal rei dum sistema
Limitava a vida dos réus, seus crimes, problemas
Num acordo corrompido, dois contratos escolhidos, aleatórios
Dito um como salvador, outro como pena máxima.
Mas olha, filho, que malvado era o rei
Todos estavam errados e ninguém teria vez
Descumpria a sua parte, aos coitados oferecia falsas esperanças
Enganava o povo, a corte, os bispos, as damas
Fabricando dois papéis de mesma sina
Era morte aos pobres, sorte zero...
Assim foi por um bom tempo.
Uma vez, passava, e passava do seu jeito, por ali
Carmelo, um músico errante, sábio baderneiro
Logo aprontou um ou dois dos seus crimes bobos
Indiferente, pois ali era um sábio, filho!
Sempre sabia que sairia qualquer que fosse situação.
E tão logo cometidos, logo preso.
Conhecendo as regras daquelas bandas,
Sabia do rei, sabia do acordo, conhecia sua falha.
E quando julgado, chegou sua vez de escolher o papel
Aproximou-se dos pergaminhos dobrados
E rápido, rápido mesmo, filho, agarrou um deles e o engoliu.
Todos ficaram espantados com Carmelo.
O rei, enfurecido, rubro, guinchava por dentro.
E o nosso músico ficou por ali, rodeando a grande mesa
Sorriso largo, analisando as faces...
´Ah! Sim sim... Que temos agora, tão amado rei, neste outro documento?´
Receoso e conhecedor da resposta
O rei abriu o papel sob olhares curiosos que vinham de todos os lados
'Morte!'
Desacostumados e confusos, a corte esperava.
'E como consta, meu excelentíssimo e amado rei
Aparenta que escolhi o papel que dizia VIDA!
Que sorte, não? Depois de milhares infelizes
Possuo a sorte de contornar este tão íntegro e justo sistema
Que apenas dela, ah que sorte!, dependo sempre
E apenas ela, para geral conhecimento,
Traiu os que me precederam,
ou quem sabe, todos traídos pela justiça...'
E o sábio abaixou-se, pegou seu alaúde, seus trapos
Virou-se e foi em direção aos grandes portões
Deixando para trás um povo que despertava ensandecido
Uma corte que cercava a Coroa, estrangulando-a
Inspiradas e esclarecidas, as pessoas
Pelas idéias, razões do Carmelo
Que se foi pelos vastos campos daquela terra
Cantando suas músicas e pregando liberdade."
Pra Chaves o/!
Luiz Víctor
Um comentário:
QUE PAU NEGO *-*
;DD
te amo cara ;]
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