segunda-feira, 16 de novembro de 2009

MARIA RONDA

Rondinha roliça, mulher bactéria
Bailarina descalça do ponto angulado
Ralha, labuta, descansa nos poleiros
Enfeitados, magros, escondidos, acabados
Poleiros... Se põem de pé!

Coalhada azeda, Maria Ronda bactéria
Tive medo de enfrentá-la. O meu é enfeite.
Foi que veio querendo deleite
Né que dei querendo enfeitá-la?

Copo de leite, Rondinha roliça
Foi como ao verme oferecida.
Delgado ágil, o meu é magreza
Né que tomei tentando encurtá-la?

Vaca, das patas descalças
O brejo é denso. O meu é oculto.
Brotou do mato por baixo da vaca
Né que cresci buscando ocultá-la?

Via láctea, Maria Ronda!
Fenda espacial! O meu é cansaço.
Ruge pra fenda, ruge poleiro!
Né que limei desejando tapá-la?

Com os bolsos cheios
Seios na rua
Acaba seus dias cansada;
Leitosa molhada,
Labuta servindo:
Empoleirada.

Um comentário:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Muuuuuuuuuuuito bom!
Admiro muito a forma sutil como você escreve, ou descreve situações, pessoas, estilo de vida... entre outros.
Eu estava lendo esse "Maria ronda" e analisando como o que você escreve é bom, porque você não permite que os seus textos sejam "tábulas rasas", eles são cheios de significados e sentidos, e isso é muito bom, é até uma forma de mostrar escondendo o que se quer dizer na verdade.
Não sei se você gosta de filme, mas se gosta, assiste um filme chamado POSSESSÃO, não é o de terror kkk... ele fala sobre dois pesquisadores que através de cartas e poemas de um poeta de outra época, descobrem coisas muito interessantes sobre a vida secreta dele. Vale a pena, porque através de poemas e cartas eles vão decifrando toda uma história secreta.