sexta-feira, 7 de março de 2008

CARMELITO

Herói de tez amedrontada,
Evasivo, escuta o som da enxada
Marcando a terra de seu pai, senhor.
"Quem haverá de ser tu, Carmelito?...
Com tal nome arrancarás só risos
E não membros , cabeças como dizes...."
O pai dizia de forma debochante
Que Carmelito tristemente delirante
Lamentava em tom incerto os seus desejos.
"Mas pai, olha para mim sem tais conceitos
Ergue a face e me encara , sou direito
E por direito , é direito que me encare
Se viril fostes em momento de coito
Assume agora esse teu filho , dentre os oito;
Tens sete cópias de si mesmo,
Faltaria um outro desprezível ao teu desejo?
Que ao teu ver, mesmo o mais novo é mais valia?
Não pai, Eu , Carmelito, valho mais
E no mais , renego essa velha enxada
Substituo-a por essa minha espada
Saio hoje dessa terra magra."
Num baque , o instrumento do velho vai ao chão.
"Que tu diz Carmelito?
Será tão homem, qual dizes em valentia?
Pois te digo, infame
E o faço friamente :
Sairá daqui apenas matando-me,
Ou do contrário és mais fraco que pensara"
Do deboche a fina lâmina cessara
Qual a Lua com brilho fecha o dia
Carmelito ali renascia
Apoiado no papai já escarlate.
Fora dali. Amanhã, um novo dia.

Luiz Víctor

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